domingo, 2 de novembro de 2008

- Fotos de antigas para lembrar nossa história.









Turma da 1ª Eucaristia – Catequista Maroquinha Pinheiro e Pe. Raimundo Osvaldo.


Como no tempo de minha mãe... Sempre tem o inimigo querendo dividir. Pois “toda ação ou intenção de dividir parte do maligno”. "O Amor de Deus é tudo que une...” Cada palavra que leva a julgar e dividir os relacionamentos pessoais lança - se a si mesmo e leva a solidão, separação, isolamento. Tudo que ergue e dignifica o outro constrói e eleva... Se unido formando comunidade. Ali mora Deus por excelência.










A festa da vida.

Hoje dia de “finados” como se costuma dizer.
Na liturgia diária da igreja, cada dia é relembrado um santo (a).
Como são milhões de santos anônimos e um ano é pouco para se comemorar. Foi escolhido este dia que se celebra “todos os santos”.
Hoje não é um dia de tristeza, mas de alegria de pensar que tantos dos nossos já se encontram na “igreja triunfante”.
Quantas pessoas santas?
Não só da nossa igreja, pois tantos vivem a plenitude do amor... Já aqui na terra e isso é a verdadeira santidade.
Santo é aquele que vive para o outro.
Hoje o evangelho de Lucas entre outras coisas dizia:
“Sede como homens que estão esperando o seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem imediatamente a porta”. Logo que ele chegar e bater.
Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando ele chegar. “Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, faze-los sentar à mesa e, passando, os servirá.”
Entendi que se estivermos sempre no amor escutaremos “o bater da porta”. E o próprio Deus nos conduzirá a mesa e nos servirá.
O Padre hoje fazia uma pergunta:
Se você soubesse que iria morrer hoje o que faria? Uns diriam que iria pedir desculpas a tantos... Outros que iriam rezar mais. Outros abraçar os seus. São Luis que morreu jovem respondendo a esta pergunta, disse:
“Eu continuaria a fazer o que estou fazendo”.
E o evangelho terminava assim:
“Vós também, ficais preparados porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes.”
Hoje me lembrei de tantos que já se foram da cidade de Paraná:
Meu pai: Sátiro Francisco. Minha mãe: Maroquinha Pinheiro. Maria de Lourdes e Maria do Socorro minhas irmãs.
Meus avós paternos e maternos. Mãe Tonha e pai Francisco que foram dos primeiros habitantes de Paraná.
Zé Teodoro, Chiquinha, Maria Rita. Os Joãos Teodoros... Jorge. Era bonito chegar à casa de Maria Raimunda e olhar João com o ouvido colado no rádio escutando a hora do Brasil. E Jorge chegar suado do açude de seu pai que cuidava sempre. Porém o açude sempre foi de todos...
Dosanjos e esposa. Zé Caracol e esposa. Dos seus bolos famosos nas noites de São João! Ana, sua filha e minha amiga e Pedro.
Tio Zezé que apelidava todo mundo, menos eu... Nunca soube. Ele me queria bem.
Dorinho, um dos primeiros vereadores da cidade.
Tia Júlia e Tio Zé Antonio com a casa de portas abertas para todos. Não tinha nada, porém o coração grande que acolhiam todos, ali por trás da Igreja.
Tio Quinco e Anézia com a casa aberta para todos da família e um prato a mais sempre era colocado para quem chegava. E como gostava de ir lá. Justamente nesta hora.
Guido que acudia todos como dentista de dia ou de noite. Político animado.
Sinhá, com as suas rezas contra quebrantes e mal olhados. As mães sempre levavam os bebês para ela rezar.
Serafim e Dedê com a sua arte de fazer panelas de barro. Como gostava de apreciar o trabalho deles.
Azarias que vivia sempre para sua esposa ali pertinho de Nonato e Chiquinha, compadre e comadre de minha mãe.
Chiquinha primo e seu esposo que me acolhia com alegria e sempre ia a sua casa na minha infância.
Todo aquele pessoal do “Paraná de cima”, com chamávamos: Nestor, Chico Pamplona e Maria (Não se escreve assim). Ana sua filha que tanto trabalhou pela igreja. (Esposa de Ivanildo). Ramalho Grande que se vestia todo de caboclo na semana santa e com sua voz de caboclo chagava com seu imenso grupo indo de casa em casa... Culminando com a morte de Judas...
Seu Doutor e Chiquinha. Sua alegria quando dizíamos ao encontrá-lo: Passou Doutor? E ele com um imenso sorriso respondiam: “Bem obrigado”.
Corina e Zé Belo.
Sempre que olhava aquela serra quando era pequena ficava admirada como Zé Belo era corajoso fazer uma roça em cima de uma serra. Todos mostravam de longe onde ficava a roça de Zé Belo.
Chico Caboclo e Dedê que indo trabalhar na bodega de meu pai foram sempre incomodados por mim pedindo balinha e bolacha sempre...
Chico de Bia que temíamos e não fazíamos barulho na frente de sua casa. Achava lindo aquele pé de “Flamboãm” colorido do seu quintal que não tinha coragem de entrar.
Chico “bebe água”, seu apelido. Um dia estava na casa de Zé Teodoro. No alto do batente da cozinha e fui perguntar se ele tinha ovos para vender. Eu era pequenina. E falei na frente de todos que estavam ao seu lado:
Seu João bebe água o Senhor trouxe ovos hoje para vender? Ele imediatamente arrastou da bainha que estava debaixo da camisa uma enorme faca. E se dirigiu para mim. Saí correndo até na minha casa e não tinha nem coragem de olhar para trás, Tamanho era o medo... A partir daquele dia ele era o meu terror. Quando via que ele chegava à cidade. Escondia – me e não tinha mais paz naquele dia... ( Foto de uma criança de Paraná que tirei numas férias. Não guardei o seu nome).( Este episódio mostra o quanto devemos ter cuidado na brincadeira com criança. Para a criança tudo é real e verdadeiro.)
Tio veio! Como era bom na época do milho verde. Todos usavam o seu moinho para moer o milho...
Ocino.
Uma noite de São João estava passeando com uma de minhas amigas em volta do barracão. Que tinha sempre música seja sanfona ou difusora quando avistamos Doninha gritando com sua filhinha que tinha se queimado. Ocino chegou e nunca se ouviu escutar uma reclamação ou acusação. E Deus como providência lhe deu a grande alegria logo no outro ano de uma linda criança... Isto é santidade escondida... Que não se publica!
Seu Romualdo e Dona Maria grande trabalhador.
Depois Onório meu afilhado que partiu daquela forma. Por isso Doninha deve ser amada duplamente, pois a sua doença hoje é a impotência diante do sofrimento. E é justamente este que Jesus dirá: “vinde àqueles que são aflitos... Pois deles é o reino dos céus”.
O pai de João Broco. Seu Chico que passou por tanto sofrimento, mas tinha sempre o sorriso no rosto e uma prosa para todos.
Seu Romualdo e Dona Maria grande trabalhador.

Painha era a animação de criançada imitando a corrida dos cavalos, no casamento de tia Maria. Batendo forte no peito o som da cavalgada.
João Pinheiro que com simplicidade teve a coragem que meu pai não teve (o povo queria) de se tornar prefeito.
Raimundo Inocêncio exemplo de amor pela sua esposa e filhos.
Chico André com aquela forma engraçada de contar as histórias.
Seu Zé Miguel e Dona Tonheira animação do centro da cidade e mansidão no seu trabalho de comerciante.
Nego Velho e Raimunda sempre voltados para seus filhos que tanto amavam.
Seu Antonio Caracol, Dona Ciça, Chiquinha, Manuel. Quanto amor eles nos recebiam. O canto encantado das pinhas! Quantos outros que não citei, mas são vivos sempre... Entre nós.
Uma forma de amá-los hoje, além da minha eucaristia por todos é “recomeçar a amar como eles, sempre”.
O Padre fez uma aula de teologia hoje que nos preencheu de esperança e certeza:
“Que temos um lugar preparado no seio do Pai.” Onde a felicidade é tão plena... A alegria das alegrias. O amor dos amores. Chiara Lubich dizia:
O paraíso é o sonho dos sonhos.
Também hoje na missa o padre citou Chiara Lubich. Nos seus momentos finais, sem forças para respirar pede para sair do hospital. Em casa dar a vida acolhendo no seu leito todos que por ali passava com o olhar. E um dos focolarinos disse-lhe:
Chiara, você sabe que está indo para o seio do Pai? Ela respondeu:
-Sim. Foram suas últimas palavras. Ela deve ter escutado “o senhor bater a sua porta”.
Hoje festa de todos os santos
Hoje festa dos vitoriosos, dos corajosos.
Hoje festa da verdadeira alegria e felicidade suprema de habitar no Trono dos tronos. Na pátria de todos... Os homens.